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Os impactos psicológicos de se manter no padrão

Por Artur Cunha

Em entrevista com a psicóloga Camila Medeiros, entendemos mais sobre os impactos de um padrão de beleza para a saúde mental

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Para Camila os padrões de beleza estabelecidos atualmente não são o comum na sociedade, as pessoas comuns não tem a condição física dos modelos, é difícil ver uma pessoa com essas características na rua. Geralmente os padrões de beleza exigem um estilo de vida que não se encaixa com a realidade da maioria da população, então o padrão coloca a pessoa em uma situação onde ela tem que trabalhar, estudar, ter uma vida social e ainda manter o padrão de beleza, se manter assim se você não está bem financeiramente, é praticamente impossível.

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A modelo Hyandra Calixto, entrevistada para o documentário, nos relatou sobre sua luta contra a depressão influência no sua escolha de trabalhos e os impactos que diversas situações vividas no mundo da moda tiveram no seu psicológico

Conceitos sociais são enraizados na sociedade e funcionam como uma "instituição" que se consolida nas passarelas, nas telas das TVs, nos filmes, nas revistas.

Então surge a obsessão em se enquadrar, em ser parte do social - Quem não quer ser considerado "bonito"?

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Parte dessa obsessão se encontra na forma como as engrenagens sociais funcionam, a beleza, ditadura da moda, do corpo perfeito são apenas mais uma engrenagem. Isso move o comércio e as indústrias, tornando o problema bem mais enraizado do que pensam algumas pessoas.

 

Durante muito tempo a sociedade patriarcal, impõem esses padrões de beleza a mulher; tem que ser magra, cabelo bonito, rosto liso, nariz fino, tem que se vestir bem, dentre outras coisas. Se o homem está acima do peso ou se ele se sente bem com isso, ok, mas se for a mulher que está acima do peso a reação das pessoas é normalmente negativa; "não vai casar, não vai ter filho, ninguém vai te querer, teu marido vai te trair..."

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Início dos problemas

Os problemas da obsessão com a beleza começam no primeiro vínculo social, a família. Assim serão inseridos os primeiros conceitos de beleza, através das pessoas mais próximas os conceitos como menina veste rosa, menino veste azul serão passados e tratados como naturais e desejáveis, você se encaixar no padrão pode significar que você agrada a sua mãe ou pai de alguma maneira, correspondendo as expectativas criadas sobre a pessoa. 

Conceitos sociais são enraizados na sociedade[...] Então surge a obsessão em se enquadrar, em ser parte do social - Quem não quer ser considerado "bonito"?!

As mulheres não são ensinadas a se amar"

Para Camila, essa questão da  beleza da modelo, não se enquadra na vida do dia-a-dia. As dificuldades para alcançar aquele corpo cria uma situação onde a pessoa vê a necessidade de buscar meios que facilitem alcançar os resultados. Isso move a indústria farmacêutica pois muitas mulheres pensam que tomar remédios que ajudam a emagrecer são uma forma saudável de potencializar os resultados e de diminuir o tempo que leva para alcançar aquilo, isso leva muitas a situações de anorexia e bulimia, Transtorno de Ansiedade Generalizado, Distúrbio de Depressão Maior, baixa auto estima e outras doenças também.

Isso por que as mulheres não são ensinadas a se amar, se aceitar, entender que tudo leva tempo para ser alcançado, entender que não precisam agradar ao homem e sim a elas mesmas, entender que não existe corpo feio e corpo bonito, cabelo feio e cabelo bonito.

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"Para que vocês entendam, é como se fosse uma 'marginalização', se você não está no perfil, você é excluído, deixado de lado, sofre bullying, pressão social, dentro e fora de casa. Lidar com tudo isso é bem difícil", completa.

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Ela também comenta que com certeza tenta se encaixar dentro dos padrões, "é algo muito enraizado, até pra mim, que tenho uma visão um pouco diferente do comum, é difícil me aceitar como sou. Vivo querendo fazer dieta, tenho uma baixa auto estima."

Quando perguntada sobre as pessoas  que se orgulham por tentar não se encaixar nos padrões estabelecidos pela moda e pela sociedade, como você avalia o comportamento Camila diz que essas pessoas são confiantes de si e ao menos aparentam ser saudáveis. Mesmo que a sociedade rotule as pessoas que "se aceitam como são" de rebeldes, por lutarem para estar fora dos padrões.

 
Essas pessoas são resultados de uma luta social grande, feminismo, o movimento LGBTQ+, o movimento negro ou outros que buscam mudar os padrões de beleza e encorajar a aceitação dos outros. Eu vejo que essas lutas trouxeram uma maior conscientização, maiores questionamentos, "Pq o cabelo crespo é feio?!", "Pq o lugar da mulher é na cozinha?!", "Pq isso menina veste rosa e menino veste azul?!
Quem disse que era isso o certo?!".

 

Sem falar que quanto mais a sociedade se torna laica, mais as pessoas saem do padrão criado pela religião. 

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Então, eu creio que muitas pessoas passaram a se conscientizar e a levar essa conscientização para dentro de suas famílias, juntando com o enfraquecimento da religião e com o mal estar social,  muitas pessoas passaram a querer ir na "contra mão" desses padrões.

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